Rival no passado, PT adere a grupo de Rubens Furlan para 2024
Partido deve apoiar Beto Piteri em 2024 e afirma que Furlan se tornou aliado na luta contra o obscurantismo
Para receber notificações da comunidade de Alphaville e região, inscreva-se em nossos canais no Telegram e WhatsApp
Após quatro décadas como oposição ao prefeito de Barueri, Rubens Furlan (PSB), o PT anunciou na terça-feira (5) que o partido apoiará a pré-candidatura de Beto Piteri nas eleições de 2024. Este apoio é mais um dentre os recebidos pelo vice-prefeito, em meio a uma disputa acirrada contra o ex-prefeito Gil Arantes (União), que também tem anunciado adesões nos últimos meses.
A chegada do PT sinaliza uma mudança na visão do partido em relação a Furlan, a quem fizeram oposição desde o início, apesar de terem eleito apenas um vereador ao longo das últimas décadas. O partido afirma, inclusive, que pretende contar com o apoio do presidente Lula (PT).
A decisão é justificada pela divisão vivida no país "sobre visões de mundo" e um grupo que atribui ter uma visão "extremamente conservadora, preconceituosa, violenta e, portanto, antidemocrática". A direção da sigla afirma que Furlan deu um passo ao lado contrário no apoio declarado nas eleições de 2022, quando o prefeito apoiou Lula em contraponto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Ao sinalizar nas redes, em 2022, o 'L' de Lula, o prefeito Rubens Furlan nos indicou que a luta contra o obscurantismo passava a contar com um aliado vigoroso", diz a nota do PT de Barueri, presidido por Alexandre de Ramos. Oitenta por cento dos membros votaram nessa posição dentro do diretório.
Apesar dessa declaração no primeiro turno das eleições do ano passado, Furlan evitou falar do apoio a Lula no segundo turno e desagradou secretários e membros da própria base aliada na Câmara Municipal, onde vereadores bolsonaristas seguiram o tom contra o petista. Esse, inclusive, será um dos desafios de agregar o PT a essa nova aliança.
O partido afirma que participará da formação do plano de governo da coligação e que quer contribuir para a gestão, tendo em vista a experiência adquirida em governos de outras cidades. Para isso, terá de dialogar com partidos de direita, como o Republicanos, que faz parte da coligação furlanista. A visão do próprio Furlan sobre Lula e o PT foi mudando com o tempo. O anúncio do apoio no ano passado surpreendeu e só foi possível após a intermediação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ex-governador Márcio França (PSB). A rivalidade foi mais forte, sobretudo, nos primeiros anos de Lula no poder (2003-2010).
Na época, nos anos 2000, o prefeito rivalizava com prefeitos do PT que governavam cidades como Osasco e Carapicuíba. Em 2010, por exemplo, Furlan acusou o PT de "espionagem" no episódio do programa CQC da TV Band, que apontou irregularidades numa doação feita na cidade.
Ainda nesse período, o PT chegou a se aproximar de Gil Arantes (União), e um namoro para uma coligação rival chegou a acontecer nas eleições de 2012, quando o vereador Agnério era cotado para entrar como vice na disputa. No final, as conversas não se concretizaram, porque o PT vetava em seu estatuto coligação com o DEM, então partido de Gil.
Desde então, o PT lançou candidatos a prefeito, mas nenhum com chances reais de incomodar Furlan, ao mesmo tempo em que o partido sofria com a crise nacional, o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato.
Mudança de chave
A Operação foi outra mudança de chave. Furlan via com ressalvas as investidas da Polícia Federal e a forma como foi conduzido o processo que levou à prisão de Lula - prisão que foi considerada irregular anos depois pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Agora, a aliança se tornou uma realidade, especialmente quando Furlan se filiou ao PSB, partido aliado ao governo federal. Com a aliança, o político tem buscado trazer conquistas para Barueri, como a universidade de medicina - veja ao lado.
"Com a filiação do prefeito Furlan e de seu vice, Piteri, ao PSB, ficou cada vez mais claro o rumo a seguir em 2024", conclui a nota do PT.