Presidentes das Câmaras têm opiniões diferentes de voto distrital
Tribunal Superior Eleitoral encaminhou proposta para o Congresso. Medida se refere ao cargo de vereador
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encaminhou para o Congresso Nacional uma proposta para que as eleições de 2020, considerando o cargo de vereador, adote o modelo de voto distrital misto. A ideia é que os eleitores votem duas vezes. Em uma delas, o voto iria para o candidato da região (a cidade seria dividida em distritos e o vereador disputaria apenas nesse ponto). O outro voto seria computado para o partido de preferência do eleitor.
Para entrar em vigor, o projeto terá que ser aprovado até setembro. A proposta, se passar pelo Congresso, valerá para cidades com mais de 200 mil habitantes. O presidente da Câmara Municipal de Barueri, Fábio Luiz da Silva Rhormens (PCdoB), o Fabião, avaliou o modelo, que já é realidade em outros países, como bem-sucedido e citou a Alemanha de exemplo.
Em entrevista à Folha de Alphaville, ele afirmou que o atual sistema proporcional, sem a certeza da representação por distritos, causa distorções e também encarece o custo das campanhas. "Já provou estar superado. Acredito que o sistema misto traz vantagens ao eleitor e também reforça os partidos, pois há um equilíbrio entre a representação popular e a instituição partidária". Segundo ele, agora só depende dos congressistas se esforçarem para aprovar o tema antes de setembro. "Do contrário, não valerá nas eleições de 2020", ressaltou.
A deputada federal Bruna Furlan (PSDB) foi procurada para opinar sobre o assunto, mas não retornou até o fechamento da edição.
Santana de Parnaíba
O município de Santana de Parnaíba, governado pelo tucano, Elvis Cezar, não entraria na nova proposta, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) não conta com mais de 200 mil moradores. Apesar disso, pela importância da cidade na região, a reportagem ouviu o presidente da Câmara, Nilson Martins (PHS), da base do prefeito, sobre o assunto.
Nilson falou que não acredita na aprovação da proposta. Mas, deu sua opinião a respeito. "Eu não sou favorável, porque às vezes você quer escolher um representante e dependendo da localidade não pode votar pela região. Não há livre arbítrio. O eleito acaba escolhendo um candidato que não queria ou perde o interesse em votar", avaliou.
Corrupção
Perguntado se a medida auxiliaria a diminuir a corrupção, Fabião disse que o caminho não se restringe apenas à reforma política. "Obviamente com a reforma muitas das distorções e problemas com o financiamento de campanha podem ser resolvidos, além de outros pontos como o aprimoramento da cláusula de barreira e o número de parlamentares por estado, mas há um longo caminho e muita discussão à frente".
Em sua análise, para o Brasil avançar sem a mácula da corrupção, "temos de fazer com que a administração seja aberta, transparente, próxima da população e rendendo as contas de tudo o que faz. Sou otimista e acredito que o Brasil está mudando", concluiu.