Sábado, 23 Novembro 2024

Política

Com alta de fundo, partidos devem direcionar mais verba a candidatos

Política

Com alta de fundo, partidos devem direcionar mais verba a candidatos

O montante de dinheiro público para as legendas pode chegar a R$ 4,63 bi, valor 25 vezes maior do que há 24 anos

As eleições de 2020 serão marcadas por várias mudanças, aliadas a reforma política, como a possibilidade do voto distrital e o fim da coligação partidária, entre outras. Outra questão se refere aos custos de campanha.

Para driblar as dificuldades e angariar recursos com o objetivo de emplacar os seus candidatos nos cargos pretendidos, os partidos têm procurado se 'reinventar'.

Criado há dois anos para compensar o fim do financiamento empresarial de campanhas políticas, o fundo eleitoral pode atingir na disputa do próximo ano uma cifra recorde. Os repasses de dinheiro público para as legendas podem chegar a R$4,63 bilhões em 2020, valor 25 vezes (ou 2.400%) maior do que os R$ 181,7 milhões distribuídos às siglas há 24 anos.

O montante proposto para financiar candidaturas no ano que vem é 34% do que todo o dinheiro repassado pelas empresas nas eleições, sete anos atrás.

Região
Na região, de acordo com um levantamento feito pela Folha de Alphaville junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na campanha de 2012, último pleito municipal em que a doação de pessoa jurídica para as legendas era permitida, os 26 vereadores escolhidos nas urnas para representar as Câmaras de Barueri e Santana de Parnaíba gastaram, no total, R$ 1,1 milhão, com a maioria das doações originárias de pessoas físicas.

Em Barueri, onde 10 parlamentares foram eleitos, a maior despesa foi anotada por Toninho Furlan, irmão do atual prefeito da cidade, Rubens Furlan, ambos do PSDB. Toninho gastou R$166,2 mil; à época ele concorreu pelo PMDB.

Na cidade de Santana de Parnaíba, 16 parlamentares ocuparam as cadeiras na Casa, somando R$ 502,7 mil em despesas. O atual gestor de Parnaíba, Elvis Cezar (PSDB), na época vereador, 'investiu' R$ 153,3 mil em sua campanha, o maior custo entre os candidatos eleitos.

O especialista
Para o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper, o fundo eleitoral turbinado não é garantia para a eliminação do Caixa 2 nas próximas eleições. "Não acho que isso elimine o problema. O Caixa 2 pode continuar acontecendo por outros meios. Uma possiblidade é que os recursos venham de pessoas físicas e não jurídicas, portanto, a empresa que gostaria de doar faz com que pessoas físicas,laranjas, doem aos partidos. Isso diminui ainda mais a rastreabilidade do Caixa 2", avaliou.

O especialista ressaltou ainda que, com a proibição em 2015 do financiamento de origem empresarial, os partidos vêm buscando fonte de financiamento. "É o que temos assistido, ano atrás ano. Esse é só mais um degrau", concluiu.

Uma alteração feita recentemente na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020 pelo deputado federal Cacá Leão (PP-BA), relator do projeto, autoriza o repasse de até R$ 3,7 bilhões de recursos públicos para as campanhas municipais do ano que vem.

A quantia é mais do que o dobro do valor distribuído nas eleições gerais de 2018 (R$ 1,7 bilhão), primeiro ano de vigência do fundo criado após a extinção das doações empresariais – definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) 2015.

 


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