Aniversário de Barueri vira ensaio de disputa eleitoral
Ato na Câmara vira desagravo a Piteri e Furlan fala em 'exército'
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O aniversário de 75 anos de Barueri serviu de ensaio para as pré-campanhas a prefeito dos principais nomes que disputarão o cargo em 2024. Políticos tentaram marcar a data e usaram o ato para reforçar a posição para a corrida eleitoral deste ano, a começar pela sessão solene na Câmara de Barueri.
O evento contou com a presença do prefeito Rubens Furlan (PSB) e do vice-prefeito, Beto Piteri (PSDB), pré-candidato à prefeitura. No entanto, o espaço ficou em geral restrito a apoiadores do grupo político, quase sem a presença de opositores. Entre os vereadores que apoiam o ex-prefeito Gil Arantes (União), apenas Wilden e Leandrinho Dantas compareceram.
Em meio a esse cenário e com uma plateia amplamente favorável, Furlan lembrou o período das últimas gestões, agradeceu apenas aos vereadores, mas apenas àqueles "que estão comigo" e que "não se curvaram", e disse que está se formando um "exército em Barueri".
"Um grande exército contra o mal que está nos ameaçando. Tenho certeza que cada um dos senhores sabem do que estou falando e vão se juntar a mim e vão marchar rumo a prosperidade da nossa cidade", disse Furlan, que não citou o nome do ex-prefeito Gil Arantes, hoje principal adversário do grupo político. "[Barueri] não pode ficar a mercê, Furlan constrói o outro destroi".
A estratégia do grupo tem sido comparar as gestões de Furlan e as de Gil, além de pregar que há uma "união" pelo bem da cidade, palavra repetida várias vezes por Piteri. No entanto, o prefeito perdeu nove vereadores nos últimos meses, oito para Gil e um que também se lançará à prefeitura, Fabião.
Por outro lado, a sessão solene foi tranquila, sem o peso da última vez em que os grupos de Gil e Furlan se encontraram em 2012. Na época, o clima se acirrou tanto que houve gestos obscenos na Casa, contra apoiadores de Gil. Nas últimas sessões da Casa, houve troca de ofensas tanto entre parlamentares, quanto contra o público.
Apesar disso, o ex-prefeito optou por uma abordagem mais ligada às redes sociais e a encontros com moradores nesta semana, focando em tentar mostrar uma agenda positiva, evitando os atritos. "Há 75 anos você [Barueri] veio ao mundo com uma beleza singular, destinada a brilhar como nenhuma outra. Juntos transformamos vidas, e escrevemos uma história de amor feita de futuro", publicou o ex-gestor. "Continuamos juntos e apaixonados, todo amor verdadeiro dura para sempre".
No caso de Fabião, o político, que se coloca como terceira via na corrida eleitoral, afirmou que usou o dia para conversar com moradores sobre as necessidades de Barueri. "Optei por um dia significativo, ouvindo as vozes da nossa população nas ruas. Essa proximidade reafirma minha dedicação em trabalhar por uma Barueri inclusiva e próspera. Cada conversa hoje reforçou o compromisso de lutar por uma cidade melhor para todos", publicou o parlamentar que deve se filiar ao MDB.
Há 75 anos, uma divisão maior que Gil e Furlan
Barueri comemorou na terça-feira (26) 75 anos de emancipação, quando deixou oficialmente de fazer parte de Santana de Parnaíba e passou a ter autonomia como município. Na época, os poucos eleitores que viviam na região estavam divididos entre as forças políticas da nova cidade, em um equilíbrio maior do que a rivalidade construída recentemente entre o prefeito Rubens Furlan e o ex-prefeito Gil Arantes (União).
Quer dizer, isso ao menos proporcionalmente, pois era um momento completamente diferente, onde o município ainda buscava se consolidar - bem diferente do atual momento, onde ela é uma das mais ricas cidades brasileiras. No fim dos anos 1940, Barueri tinha pouco mais de 10 mil pessoas, mas a maior parte vivia em Carapicuíba. Em termos de eleitores que foram às urnas eleger o primeiro prefeito, o número era ainda menor. Pouco mais de 1.000 moradores participaram da votação que elegeu o primeiro prefeito e os 13 vereadores que começaram os trabalhos.
Era 13 de março de 1949, e concorriam Nestor de Camargo (PSP), Adonai de Almeida Sylos (PTB) e Eduardo Bandeira de Morais (UDN). Em uma votação acirrada, Nestor teve 43% dos votos, ante 41% de Adonai, 15% de Eduardo Bandeira.
Em termos reais, a diferença foi de pouco mais de 20 votos, com 465 moradores apoiando Nestor como primeiro prefeito da cidade.
Adonai ficou com 443, mas seguiria como uma força importante na cidade. Se elegeria prefeito no mandato seguinte, seria vereador e teria mais um mandato até morrer em março de 1968.
Equilíbrio como esse foi raramente visto em Barueri nos últimos anos, ao menos desde 1982, quando Rubens Furlan foi eleito pela primeira vez. De lá para cá, o gestor costuma ter mais de 80% dos votos, algo que apenas Gil Arantes conseguiu nos primeiros mandatos. Em 2012, quando Gil e Furlan romperam, Arantes venceu por 54% dos votos a 41% contra Carlos Zicardi, candidato apoiado por Furlan.