Financiamento imobiliário por canais digitais deve aumentar
Em tempo de pandemia, ferramenta agiliza concessão de empréstimos. Bancos têm interesse no tipo de operação
Com a crise provocada pela pandemia do coronavírus, os bancos esperam aumento na contratação de financiamento imobiliário por meio dos canais digitais. Esse tipo de operação já estava disponível antes da quarentena, mas ainda é pouco utilizada.
Agora, a expectativa é que a demanda aumente, acompanhando a expansão das vendas online de imóveis. Os bancos têm total interesse no desenvolvimento do canal digital porque além de menos oneroso, ele agiliza a concessão de empréstimos. "Já dá para o cliente contratar um financiamento imobiliário tranquilamente sem pisar no banco", afirma a presidente da Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Magalhães Portella. "Certamente a modalidade vai crescer, como tudo que é feito pela via digital", diz. "A vida vai se transformar de modo relevante depois desta crise."
A própria atuação de bancos e construtoras caminha para essa alternativa. Uma vez que surge em meio à pandemia é a oferta combinada da venda do imóvel e do financiamento via canais digitais. Um grande banco teria ao menos cinco projetos para estruturar a ferramenta, espécie de marketplace de imóveis, por meio da combinação do canal da construtora e da instituição financeira através de APIs, que são as interfaces tecnológicas para compartilhamento de dados.
Apesar de já ser realidade, a disponibilidade da contratação do financiamento imobiliário pela internet varia em cada banco. Nos últimos anos, essas instituições se debruçaram em aperfeiçoar os canais digitais, reduzindo não só a burocracia da linha como o tempo gasto com a contratação do crédito.
Negociações
Por ora, o que está em andamento são contratos que já tinham sido iniciados antes da pandemia. Diferente de outras modalidades, o crédito imobiliário consome mais tempo para ser concluído, uma vez que abrange uma série de etapas e envio de documentos. O setor previa crescimento de 18% frente a 2019, considerando linhas com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), segundo a Abecip. Agora, a orientação é esperar o fechamento de abril para mensurar os resultados.
A expectativa, para a Associação, é de que, em março, os bancos tenham sentido redução da ordem de 20% por dia útil, frente a fevereiro. Nos dois primeiros meses deste ano, os empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos da caderneta somaram R$ 13,52 bilhões, alta de 35,7% ante igual período de 2019. O ritmo, inclusive, superava a próxima projeção dos bancos para a modalidade, de elevação de 31% neste ano.