Quinta, 21 Novembro 2024

Economia

Com taxa de juros menores, cheque especial segue sendo “opção ruim”

Economia

Com taxa de juros menores, cheque especial segue sendo “opção ruim”

Economista Newton Carlini explica que mesmo com redução ainda será cobrado 251,82% ao ano de juros 

Para quem precisa de dinheiro, há opção do crédito pessoal e o empréstimo com garantia real (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)
Desde segunda-feira (6), com a entrada em vigor das novas regras do cheque especial, os bancos só podem cobrar juros de até 8% ao mês na modalidade - uma queda significativa em relação à média de 12% mensais aplicada pelas instituições até então. Mas nem tudo são flores: para compensar a redução, o Banco Central autorizou a cobrança de uma taxa mensal de até 0,25% sobre o limite do cheque especial acima de R$ 500,00.

A pergunta que se faz então é: afinal, a redução dos juros compensa para o correntista? Segundo Newton Carlini, economista da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, a resposta é: sim, compensa.
"A redução seria algo maior que 4 pontos percentuais (considerando os juros atuais do cheque especial de 12% ao mês), contra 0,25 pontos percentuais de tarifa", explica o planejador financeiro, que faz uma ressalva.

"Precisamos ver o comportamento dos bancos ao longo do tempo quanto às demais cobranças de tarifas e taxas", afirma Carlini. "Além disso, a redução virá acompanhada da cobrança pela disponibilização do crédito para toda a base de clientes, o que pode prejudicar muitos correntistas que não utilizam esses valores", diz.

Mesmo com a redução, no entanto, o cheque especial segue sendo uma "opção ruim", na avaliação de Carlini. "Ainda será cobrado 251,82% ao ano de juros. Para que se tenha uma ideia, a taxa de um empréstimo consignado fica ao redor de 2% ao mês (120% ao ano) e de um crédito pessoal, 4% ao mês (180% ao ano)", diz. 

Considerado um recurso emergencial para a hora do aperto, o cheque especial, prossegue o planejador financeiro, deve ser utilizado em "situações de emergência", para pagamento de contas com multas altas, de 5% a 10% do valor total, ou para que o correntista não perca um bem. 

"E sempre considerando o pagamento em alguns dias, de forma a utilizar a carência que muitos bancos dão. Agora se não há previsão de pagamento dentro de um prazo curto entre 5 e 10 dias, é melhor não utilizar, se for possível", afirma.

Alternativas
Para quem precisa de crédito e não quer utilizar o cheque especial, o planejador financeiro recomenda, além do crédito consignado, duas opções de fácil acesso: o crédito pessoal, com juros de cerca de 4% ao mês, e o empréstimo com garantia real, para proprietários de imóveis não onerados, com taxas de aproximadamente 0,8% ao mês e prazos mais longos de pagamento.

Independente da escolha, o importante, diz Carlini, é que todo empréstimo seja tomado com planejamento. "Qualquer crédito pode virar uma bola de neve muito rapidamente", finaliza. 

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