“Tenho a impressão de que não errei minha vida”, diz Nathalia Timberg
Atriz estreia curta temporada do espetáculo "Chopin", em que dá voz a depoimentos masculinos sobre o músico
Aos 88 anos, Nathalia Timberg sobe ao palco para estrear "Chopin ou O Tormento do Ideal", em curta temporada, no Teatro Porto Seguro. Na montagem, a atriz interpreta pela primeira vez em sua carreira personagem masculino, ao lado da pianista Clara Sverner.
Partindo de recortes textuais da vida de Chopin, cartas de George Sand entrelaçadas com declarações e poemas de Musset, Liszt, Baudelaire, Gérard de Nerval e Saint-Pol-Roux, o espetáculo ilumina, neste encontro de música e palavras, vinte anos da vida e da obra do compositor, criando uma possível subjetividade acerca de sua biografia com a objetividade e a poética do seu contexto histórico.
Em "Chopin ou O Tormento Do Ideal", texto e música marcam os acontecimentos e apresentam uma personagem dividida entre um cotidiano vivido, às vezes, dolorosamente e um ideal inatingível. "É um concerto da palavra. Esses autênticos depoimentos dão uma visão multifacetada de Chopin, por ele próprio e por essas pessoas que conviveram com ele. O Robert Schuman se referindo a Chopin dizia que 'a alma da música andou pela terra' e a Clara Sverner é uma das nossas maiores intérpretes. Esse espetáculo foi um acerto, me sinto privilegiada por estar nele", comentou a atriz. Sobre o personagem masculino, Nathalia tem sua versão. "Os depoimentos vêm da alma, independem do gênero, são a essência de Chopin", ressaltou.
No ano passado, ela encenou "33 Variações", peça do venezuelano Moisés Kaufman, com direção de Wolf Maya, que gira em torno das 33 variações criadas por Beethoven, no século 19, para a valsa do compositor austríaco Anton Diabelli. "Se lá o enredo traçava o paralelo entre a história de uma musicóloga que luta contra a esclerose e o genial autor que enfrenta a surdez, aqui são iluminados 20 anos da vida e obra de Chopin a partir de cartas e declarações de seu grande amor", conta Nathalia.