Deputados se preparam para era Márcio França
Parlamentares recomeçam atividades em ano que terá troca de governador
Deputados estaduais encerraram o recesso na última semana em um ano atípico na Assembleia Legislativa. Após quase 24 anos seguidos de poder do governo do estado, o PSDB passará o bastão com a chegada de Márcio França (PSB), em abril, com a saída de Geraldo Alckmin para disputar à presidência da República.
A única vez em que a sigla ficou de fora do executivo desde 1994 foi em 2006, nos sete meses em que Alckmin se licenciou também para concorrer à presidência e Cláudio Lembo (PFL) governou até a volta de José Serra.
Apesar da alteração neste ano, os parlamentares da região oeste da Grande São Paulo minimizam a mudança. No entanto, o cenário da Casa pode sofrer alterações e ocorre em meio a insatisfação com os vetos do tucano aos projetos apresentados pelos parlamentares.
França tem buscado conversar com os deputados, pois buscará a reeleição e pleiteia o apoio de Alckmin. O PSDB também quer lançar um candidato para manter o poder no estado. "Para nós não muda nada [com França]", avalia Gil Lancaster (DEM), deputado barueriense.
"Estive com Márcio França, ele é um grande vice-governador e vai dar continuidade ao governo Alckmin que é um grande gestor", ressaltou. Apesar do tom elogioso, Lancaster tem criticado algumas posições do governador como o veto a projetos de lei de sua autoria e a falta de reajuste aos servidores da segurança pública.
"Com toda sinceridade, tenho feito minha parte e me esforçado. Se o governador não aprova é problema do governador, tenho me esforçado para que todos os projetos sejam aprovados, agora mesmo acabou de ser vetado pela segunda vez a [lei que determina] blindagem das viaturas. Vou tentar derrubar o veto conversando com o Márcio França, porque isso não é justo", alegou.
Filiado ao PSDB e em seu quinto mandato de deputado estadual, o itapeviense João Caramez minimizou a mudança e o fato de que França postula o cargo de governador.
Contudo, ele diz que a decisão sobre ter um ou dois candidatos do grupo de Alckmin deve levar em conta a candidatura do tucano à presidência. "Só vai mudar a pessoa, o governo continua o mesmo, os dois foram eleitos na mesma chapa, e obviamente que o vice tem todo o direito de se candidatar à reeleição, por outro lado o PSDB poderá ter seu candidato".
Em outros casos, contudo, a aproximação com França já é maior. "Ficamos com o governo do PSDB e sofremos", disse o deputado Marcio Camargo (PSC), sobre as dificuldades de articulação com o Palácio dos Bandeirantes. Por outro lado, Camargo diferencia Alckmin da legenda e diz que é possível a aliança em âmbito nacional. No estado, a tendência é fechar com o vice.
"Vai ser bom para o estado inteiro, com 20 anos, o PSDB já deu a contribuição. Está na hora de mudança, o Marcio França vem a calhar com tudo isso".