Denise Fraga mostra fragilidade dos valores morais em texto de Dürrenmatt
"A Visita da Velha Senhora" reestreia em temporada gratuita no Teatro Sesi-SP
Denise Fraga vive um momento único. Depois de dois anos e meio de "A Alma Boa de Setsuan", de Bertolt Brecht, e um ano e meio de "Galileu Galilei", do mesmo autor, ela encara "A Visita da Velha Senhora", texto clássico do suíco Friedrich Dürrenmatt, escrito em 1956. "Não foi por acaso que cheguei a Dürrenmatt. Foi discípulo, bebeu em Brecht. Lá está o mesmo fino humor, a mesma ironia e teatralidade. Dürrenmatt também se faz valer do entretenimento para arrebatar o público para a reflexão", afirma a atriz.
Depois da temporada de sucesso com a peça no ano passado, ela reestreou o espetáculo na quarta-feira (24), no palco do Teatro do Sesi-SP, sob a direção de Luiz Villaça.
A montagem inédita, que ainda tem Tuca Andrada, Ary França, Fábio Herford, Davi Taiyu, Maristela Chelala, Romis Ferreira, Renato Caldas, Eduardo Estrela, Beto Matos, Luiz Ramalho e Rafael Faustino no elenco, expõe a fragilidade dos valores morais e da noção de justiça quando a palavra é dinheiro. O espetáculo fica em cartaz até 18 de fevereiro, com entrada gratuita.
Para a atriz, o espetáculo é uma obra-prima. "A peça sempre será atual, em qualquer época, porque fala de um grande dilema da humanidade: como nossos valores morais ficam móveis diante do poder econômico. Quando se fala de dinheiro, somos capazes de envergar e moldar a nossa linha ética", avaliou.
Na trama, os cidadãos da cidade de Güllen esperam ansiosos pela chegada da milionária Claire Zachanassian (vivida por Denise Fraga) – que promete salvá-los da falência. No jantar de boas-vindas, Claire impõe uma condição: doa um bilhão à cidade se alguém matar Alfred Krank, o homem por quem foi apaixonada na juventude e que a abandonou grávida por um casamento de interesse. Ouve-se um clamor de indignação e todos os habitantes de Güllen rejeitam a absurda proposta. Claire, então, decide esperar, hospedando-se com seu séquito no hotel da cidade.