Sexta, 22 Novembro 2024

Cidades

Com leis ainda em discussão, pets e moradores sofrem com queima de fogos

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Com leis ainda em discussão, pets e moradores sofrem com queima de fogos

​Barulho tem causado transtornos à propulação. Projetos que proibem estampidos tramitam nas Câmaras

Cachorro da moradora do residencial Scenci, Cheyla Mello, entrou em pânico com queima de fogos (Foto: Michela Brígida/ Folha de Alphaville)

A diversão dos festejos juninos tem se transformado em transtorno para moradores de Alphaville. Em meio à folia das festas, o barulho da queima de fogos de artifício mudou a rotina de centenas de pessoas da região, que relataram problemas com a saúde de animais de estimação, além de pessoas idosas ou que possuem algum tipo de deficiência.

Foi por causa de um show pirotécnico em um residencial vizinho ao da casa de Cheyla Mello, moradora do condomínio Scenic, que o seu cachorro, um yorkshire filhote, entrou em pânico. "Quando os estouros começaram, ele começou a sair correndo. Se debatia sem parar e pude sentir seu coração bater muito forte, achei que ele ia morrer", relatou. "O show de fogos realmente é lindo para se "ver", mas não de escutar", acrescenta Cheyla. 

Outra moradora do Scenic, Cláudia Cabillo, contou que teve sua rotina alterada aos finais de semana, tendo que ficar em casa, em alerta, para evitar que os seus cães se machuquem. "Tenho 2 pets, sendo um deles uma Golden Retriever de quase 15 anos, a qual está com a saúde debilitada no momento e sempre teve absoluto pavor de fogos de artifício", disse. 

Além de afetar negativamente a saúde animal e trazer transtornos às pessoas com autismo e idosas, o estampido produzido pela queima de fogos pode trazer danos irreparáveis ao sistema auditivo, como a perda de audição severa, temporária ou – nos casos mais graves – definitiva, especialmente em bebês ou crianças pequenas, de acordo com a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas. "O maior problema é a intensidade de som dos fogos em um curto espaço de tempo. A imaturidade auditiva dos primeiros 18 meses de idade pode fazer com que haja lesão na cóclea – órgão localizado na orelha interna – se a criança for exposta a sons muito altos", disse.

Projetos
Atentos aos problemas ocasionados pelo barulho dos fogos de artifício, os vereadores Wilson Zuffa, de Barueri e Sabrina Colela, de Santana de Parnaíba, elaboraram projetos de lei que proíbem a soltura de fogos de artifício ou sinalizadores que produzam estouros ou estampidos. 

Em Barueri, o projeto foi apresentado no início deste ano, porém, acabou sendo vetado pela Câmara. "As alegações para a rejeição do projeto foram de que os fogos fazem parte da cultura popular. Porém, o que eu proponho é apenas a proibição do barulho e não do efeito visual, que deve se manter intacto", explicou Zuffa. Segundo o parlamentar, a proposta deverá ser reapresentada no ano que vem à Câmara. 

Em Santana de Parnaíba, o documento deve ser discutida em breve entre os vereadores, de acordo Sabrina Colela. "Estamos pensando nas pessoas com deficiência, crianças, idosos e animais. Não podemos ser egoístas. O show visual será mantido, o barulho não", concluiu.
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