Brasil vence pela primeira vez o “Prêmio do Júri” em Cannes
"Bacurau", de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, conquistou um dos prêmio mais importantes do festival
Filmado no sertão de Seridó e apresentado como um filme ao mesmo tempo de aventura e ficção científica, "Bacurau" ganhou, neste sábado (25), o Prêmio do Júri no renomado festival francês.
Os diretores Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles subiram ao palco representando o filme e o Brasil, na noite mais importante do Festival de Cannes.
"O cinema brasileiro tem tido uma construção muito importante nos últimos 15 anos e é de extrema importância que o cinema, como instrumento da cultura brasileira, não deixe de ser incentivado e apoiado no Brasil de 2019", disse Kléber".
"O trabalho que a gente faz é muito sério, muito importante como qualquer outro, e é um trabalho muito difícil e duro e não é fácil chegar onde a gente conseguiu chegar. Isso precisa ser respeitado e celebrado", afirmou Juliano.
Num acontecimento inédito, o Brasil teve dois filmes aclamados em Cannes. O outro premiado foi "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", de Karim Ainouz. Foi a primeira vez que um filme brasileiro venceu o maior prêmio da mostra paralela do festival "Um Certo Olhar".
Incentivos ao cinema nacional
A vitória do cinema brasileiro em solo Francês contrasta diretamente com o clima de instabilidade e incerteza em relação às políticas de incentivo à cultura nacional.
Em abril deste ano, o mercado cinematográfico do Brasil foi pego de surpresa com o anúncio de que Christian Castro, presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), havia suspendido o repasse de verbas para o audiovisual no país após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
No mesmo mês, a Petrobras anunciou que não renovará o patrocínio de 13 eventos culturais, a maioria deles relacionados ao cinema, como a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos.